A Rosa do Demônio ~ OneShot

“Aceitar seu próprio demônio”, Iura sempre ouviu isso em seus sonhos, toda noite, de todo dia de seus dias deprimidos presa em um castelo. Filha de reis sempre teve muitos empregados, mas, nenhum que a garota considerasse confiável ou um amigo dela. Um reino marcado pela desgraça e por um demônio. O demônio mãe, o pior dos demônios. A que deu a vida a pequena e frágil garota de nome Iura, tão pequena e tão frágil quanto uma pequena pétala de rosa vermelha, igual ao sangue da mãe que morreu logo após o parto. Sua mãe a rainha Alexandra, nunca poderia gerar um filho, triste e deprimida ouviu um dia de uma empregada sobre um demônio que poderia dar um filho para qualquer mulher que pedisse, mas havia um preço muito alto a pagar. Sua vida. A mulher cega por gerar um filho, foi ate o local onde o demônio ficava em um lindo jardim de rosas brancas, tão brancas que a mulher nunca havia visto. E fez o contrato, o demônio cumpriu sua promessa, dando uma filha à rainha. Mas, ela não sabia que não era apenas ela que iria pagar o preço e também sua filha, sabendo disso apenas na hora de sua morte. Quando viu o jardim agora completamente vermelho sangue e sua pequena filha entre elas chorando com um selo em seu peito. A mulher tentou avisar seu marido, mas era tarde demais.

O pai de Iura após a morte de sua mãe nunca foi visita lá, presa em seu castelo particular lotado de empregados que mudavam de seis em seis meses. Ouvia muitas vezes dos empregados que seu pai não a considerava sua filha, e havia casado com várias mulheres depois da morte de sua mãe. Tantas mulheres e tantos filhos que nem se lembrava mais do nome da garota de cabelos castanhos. Sua única fuga entre a prisão do castelo era uma enorme biblioteca que era de sua mãe que havia passado para a garota, sempre a visitou e leu todos os livros. Mesmo que a garota tivesse apenas seis anos. De tempo em tempos recebia cartas do povoado do reino de seu pai, sempre com as mesmas palavras e xingamentos.

“Monstro, demônio, comedor da própria mãe, morte, morra.” Sempre a mesma coisa sem uma palavra diferente nunca entendia por que de tanto ódio deis de que a garota abriu os olhos e entendeu as palavras, sempre ouvia aquilo. Sempre, de todas as pessoas. Anos passaram e nada mudou, a não ser pelo fato da garota estar mais velha e se interessar por rosas, rosas brancas iguais à pele de sua mãe, sua única forma de se ligar com sua mãe era os livros e as rosas. E ser cercada por elas a fazia bem, e parecia que sua mãe estava ali a olhando a cada segundo, cuidando dela. Mas, toda noite que ia dormir. Sempre ouvia a mesma voz chamando ela. “Me aceite, me aceite. Eu sou você.” Dizia à voz que sempre a incomodava dormir, sempre acordava sendo chamada por um empregado ou passava a noite a gritar, sem ser acordada. “Eles não gostam de você, eu gosto.” Os sonhos ao passar dos anos pioraram, fazendo a garota se passar por louca. Pois falava sozinha, nunca gostou muito de falar. E alguns empregados se perguntavam se ela era muda. Nenhum empregado se envolvia com ela, pois tinha medo da desgraça cair sobre ela, mas isso mudou quando se encontrou com um amigo chamando Cain. Cain era um garoto de olhos verdes e cabelos loiros, um lindo e alegre garoto, que falava com a garota de cabelos negros. O único que se importava com ela e era seu amigo leal, com a chegada dele no castelo a vida da garota deprimida ganhou vida e logo ela tratou de mostrar tudo para ele, gostava tanto dele, que poderia fazer tudo por ele. Mas, ela não previa sua partida.

Sua amizade com o garoto durou seis meses, os melhores seis meses da vida da garota de cabelos castanhos, quando ele partiu lhe prometeu uma coisa. Que voltaria para se casar com ela quando os dois tivessem idade. E essa promessa ficou gravada no coração da garota e em sua mente. Ela voltou para sua vida monótona, deprimida entre a biblioteca e o jardim. E em uma dessas visitas se deparou com um enorme livro velho e um pouco mofado e o abriu, nunca havia visto aquele livro, ate seu aniversario de quinze anos, quando o livro apareceu misteriosamente na biblioteca da garota, não havia titulo apenas um desenho de uma rosa em uma mão. Uma mão negra que parecia engolir a rosa, mas abriu. Observando as paginas velhas e sujas que era cheio de desenhos como se fosse um livro feito para crianças.

“Demônio mãe, o demônio da vida”. ”Estava escrito embaixo de uma foto onde uma mulher dava a luz a uma criança enquanto era comida por um demônio. ”Crianças superdotadas” Estava escrito embaixo de outra foto com uma criança lendo um livro latim, que era uma língua morta. “Morte imediata da mãe após o parto”. Iura arregalou os olhos passando para a última folha onde tinha uma foto dela e de sua mãe. Se afastou arregalando os olhos e se olhou no vidro que refletia um pouco sua figura e observou seu rosto e seu corpo. Seus cabelos castanhos não era mais castanhos, eram brancos. Suas roupas não eram seu vestido vermelho eram azuis e branco. E um coelho se aproximou da garota e falou apenas em sua cabeça. “Aceite seu demônio, me aceite.” Falava o coelho em sua mente, apenas para a garota ouvir. A garota correu daquele local mesmo assim o coelho falava em sua cabeça. “Me aceite, só eu me importo com você, eu sempre olhei você, sempre.” Dizia ela repetidas vezes enquanto corria para fora do castelo e ia em direção ao bosque. “Venha para mim, Iura.” Dizia a voz mais e mais forte em sua cabeça. “Eu não vou.” Gritava ela enquanto corria e logo a voz parou fazendo a garota também parar e respirar fundo. “Venha para mim, filha.” Dizia outra voz mais doce e mais amigável que ela jurava que era de sua mãe, mesmo nunca ouvindo a voz de sua mãe e logo a garrota observou o local onde ela estava. O jardim de rosas brancas, mas ela sabia que não era o jardim do castelo. E sim o jardim demoníaco do demônio mãe. Mas, a mulher que estava a sua frente não era o demônio e sim sua mãe. Com os braços abertos e os olhos brilhantes, sorrindo. “Me aceite minha filha.” Dizia ela, abraçou a figura da sua mãe e fechou os olhos. Abrindo segundos depois num local completamente diferente, e com o corpo cheio de sangue e corpos, vários corpos mutilados.

Os olhos da garota se arregalaram observando cada corpo e começou a gritar. Gritar e gritar observando os rostos de seus empregados jogados no chão com enormes poços de sangue e expressões que a garota nunca havia visto. Assustada correu para o jardim onde se encontravam suas rosas agora pintadas de vermelho com sangue de seus empregados, algumas tinham partes ainda brancas, mas eram consumidos pelo sangue vermelho. Horrorizada pela cena correu para a direção a cidade do reino de seu pai, parando apenas quando seus pés começaram a doer e parou perto de um rio que nem sabia que existia por que nunca havia saído do castelo onde era presa. Quando chegou naquele local observou um garoto de cabelos loiros, se lavando no rio e o admirou o reconhecendo. Era Cain, seu grande amor de infância, mas quando foi se aproximar. Observou uma garota vindo mais atrás, uma bela garota de cabelos azuis e um sorriso angelical, bem mais bonita do que Iura a garota se aproximou e o abraçando por trás, fazendo o garoto sorrir e retribuir o sorriso, dando lhe um beijo em sua bochecha. Iura completamente transtornada e sentindo muito ciúmes dos dois, ouviu a voz novamente de sua mãe em sua cabeça e a imagem dela. “Mate os, apenas eu te amo.” Falava a voz de sua mãe e ela se entregou e se transformando em seu lado demônio, a linda garota de cabelos brancos e vestido branco, sendo iluminada pela luz do luar. Tão pálida e tão bonita como uma linda flor de primavera. Iura apagou acordando minutos depois abraçada ao corpo de Cain, que estava sem sua cabeça. Iura arregalou os olhos e jogou seu corpo para longe, e ouvindo a voz em sua mente. “É melhor assim, ele não te amava.” Dizia a voz e ela se fechou para todos, mudando seu nome, e nunca mais voltando ao castelo, sendo conhecida pelos moradores do reino de seu pai, como a Rosa do demônio.